Épocas

Época de São João

São João

"Mês de junho, mês de frio.
Quanta folha pelo chão.
Cada uma tem um fio
Que me aperta o coração.
Mês de junho, São João...
Quem me dera ser pequeno!
Que saudades do clarão
Da fogueira no sereno!"
Ruth Salles

São João

O frio começa a chegar. No hemisfério Sul, na Natureza, podemos observar os dias ficando mais curtos e as noites mais longas. Os dias de sol têm um colorido especial, o céu se pinta de um azul bem anil, e as noites escuras são o palco de muitas estrelas brilhantes.
Com a temperatura mais amena que o inverno proporciona, é hora de colocarmos mais um casaco, pegar uma coberta mais quente para dormir à noite.
Para nos aquecer, podemos fazer uma pequena fogueira no jardim de casa, acender uma lareira ou até mesmo assar uma comida gostosa no forno e com isso aquecer toda a casa.
É época de fazer sopas quentinhas, mingau de aveia, cozinhar pinhão, assar milho. Tomar bebidas que aquecem por dentro, como os chás que levam canela, gengibre e cravo.
Nesta época, no Jardim, preparamos no lanche algumas dessas comidas quentinhas e gostosas que nos trazem esse conforto e calor. Com certeza, algumas crianças estão indo com duas blusas e mais um casaco, duas calças, meias quentes, gorro e talvez até luvas.
Entramos na sala com pantufas quentinhas nos pés. As professoras estão confeccionando as lanternas com a ajuda das crianças e as salas estão aos poucos sendo decoradas com coloridas bandeirinhas.
Nas rodas, muita alegria! Muita dança e cantoria! Essa festa, que começa a ser preparada desde cedo na escola e que exige tanta dedicação, tem o seu ápice na noite da Festa de São João, quando cada criança ilumina o seu caminho com a luz da sua lanterna e lá no centro da roda se acende uma bela fogueira.
Mas o que representam essa luz da lanterna? O que representa essa fogueira? Luz, calor, vida! Essa luz pode representar a força de cada individualidade. E, unindo essas pequenas lanternas, temos, ao centro, uma grande fogueira, que representa o calor de uma comunidade inteira.
São João é comemorado em 24 de junho, dia de seu nascimento, porém os festejos ocorrem geralmente durante os meses de junho e julho.
Esses festejos foram ganhando muitos símbolos e rituais com o tempo, no entanto ainda mantêm, como símbolo principal, a fartura dos alimentos colhidos nessa época, junto ao elemento fogo, representado de maneira mais intensa por meio da fogueira, que tem como forte característica o poder da transformação, de trazer luz à escuridão, e de nos aquecer.
Nesse período joanino, temos a oportunidade de agradecer e comemorar a fartura que a terra nos oferece. O milho, a batata-doce, o pinhão, entre outros alimentos tão comuns nos festejos são ofertados para que todos possam nutrir seus corpos.
Na imagem do "caipira" com os trajes que usamos nas festividades, podemos nos lembrar dos trabalhadores da terra, que cultivam diariamente o tão sagrado alimento que chega à nossa mesa.
Nas bandeirinhas, um convite para olharmos para o alto, olharmos para o céu, buscando elevar nossos pensamentos ao alto e, assim, nutrir e cultivar também o jardim de nossas almas.
Nessa festa comemoramos São João. Mas quem foi ele? São João ou João Batista, era filho de Isabel e Zacarias.
Ele foi um grande profeta, portador de sabedoria espiritual. Um ser que esteve na Terra para nos indicar o caminho na busca do despertar interior e para acender esta chama sagrada que cada um carrega dentro de si.
A tarefa de João Batista era preparar a alma dos seres humanos para a chegada de um momento de mudança na humanidade, que ainda nos tempos de hoje precisa ser compreendido e interiorizado.
São João batizava as pessoas no rio Jordão. Ele as submergia até o limite de suas capacidades, para terem a oportunidade de passarem pelo limiar entre a vida e a morte.
Esse momento permitia à pessoa rever sua biografia, suas ações e comportamentos, tendo a oportunidade de buscar, por intermédio desse ritual, um novo significado para a sua vida e uma transformação interior.
Que possamos cultivar essa chama interna acesa e forte, dentro de nós, de nossas casas e de nossas escolas, para que o conjunto delas seja visto do alto como uma grande fogueira!

VIVA SÃO JOÃO!

História

A Menina da Lanterna

Era uma vez uma menina que carregava alegremente a sua lanterna pelas ruas. De repente chegou o vento, que com grande ímpeto apagou a lanterna da menina.
Ah! - exclamou a menina - Quem poderá reacender a minha lanterna?
Olhou para todos os lados, mas não achou ninguém..
Apareceu, então, um animal muito estranho, com espinhos nas costas, de olhos vivos, que corria e se escondia muito ligeiro pelas pedras. Era um ouriço.
- Querido ouriço! - exclamou a menina - O vento apagou a minha luz. Será que você não sabe quem poderia acender minha lanterna?
E o ouriço disse a ela que não sabia, que perguntasse a outro, pois precisava ir para casa cuidar dos filhos.
- Não sei dizer-lhe, pergunte outro!
- Não posso demorar. Corro para casa, dos filhos vou cuidar!"
A menina continuou caminhando e encontrou-se com o urso, que caminhava lentamente. Ele tinha uma cabeça enorme e um corpo pesado e desajeitado, e grunhia e resmungava.
Querido urso, falou a menina - O vento apagou a luz da minha lanterna, será que você não sabe quem poderia acendê-la? - E o urso da floresta disse a ela que não sabia,
que perguntasse a outro, pois estava com sono e ia dormir e repousar.
Surgiu então uma raposa, que estava caçando na floresta e se esgueirava entre o capim. Espantada, a raposa levantou seu focinho e, farejando, descobriu a menina e
mandou que voltasse pra casa, porque a menina espantava os ratinhos.
Com tristeza, a menina percebeu que ninguém queria ajudá-la. Sentou-se sobre uma pedra e chorou.
Neste momento surgiram estrelas que lhe disseram para ir perguntar ao sol, pois ele com certeza poderia ajudá-la.
Depois de ouvir o conselho das estrelas, a menina criou coragem para continuar o seu caminho.
Finalmente chegou a uma casinha, dentro da qual avistou uma mulher muito velha, sentada, fiando em sua roca. A menina abriu a porta e cumprimentou a senhora.
Bom dia querida vovó - disse ela.
Bom dia respondeu a senhora.
A menina perguntou se ela conhecia o caminho até o Sol e se queria ir com ela, mas a fiandeira disse que não podia acompanhá-la porque ela fiava sem cessar e sua roca
não podia parar. Pediu a menina que comesse alguns biscoitos e descansasse um pouco, pois o caminho era muito longe até chegar ao Sol. A menina entrou na casinha e sentou-
se para descansar. Pouco depois, pegou sua lanterna a continuou a caminhada.
Mas para frente encontrou outra casinha no seu caminho, a casa do sapateiro. Ele estava consertando muitos sapatos. A menina abriu a porta e cumprimentou-o. Perguntou,
então se ele conhecia o caminho até o Sol e se queria ir com ela procurá-lo. Ele disse que não podia acompanhá-la, pois tinha muitos sapatos para consertar. Deixou que ela
descansasse um pouco, pois sabia que o caminho era longo até chegar ao Sol.
A menina entrou e sentou-se para descansar. Depois pegou sua lanterna e continuou a caminhada.
Bem longe avistou uma montanha muito alta. Com certeza, o Sol mora lá em cima, pensou a menina e pôs-se a correr, rápida como uma corsa.
No meio do caminho, encontrou uma criança que brincava com uma bola
Chamou-a para que fosse com ela até o Sol, mas a criança nem respondeu. Preferiu brincar com sua bola e afastou-se saltitando pelos campos.
Então a menina da lanterna continuou sozinha o seu caminho. Foi subindo pela encosta da montanha. Quando chegou ao topo, não encontrou o Sol.
- Vou esperar aqui até o Sol chegar - pensou a menina, e sentou-se.
Como estava muito cansada de sua longa caminhada, seus olhos se fecharam e ela adormeceu.
O Sol já tinha avistado a menina há muito tempo. Quando chegou a noite ele desceu até a menina e acendeu a luz da sua lanterna.
Depois que o sol voltou para o céu, a menina acordou.
Oh! A minha lanterna está acesa! - exclamou, e com um salto pôs-se alegremente a caminhar e cantava: - Minha luz vou levando sempre dela cuidando se alguém precisar dela posso lhe dar".
Na volta, reencontrou a criança da bola, que lhe disse ter perdido a bola, não conseguindo encontrá-la por causa do escuro. As duas crianças procuraram então a bola.
Após encontrá-la, a criança afastou-se alegremente e cantava :-"Minha luz vou levando sempre dela cuidando se alguém precisar dela posso lhe dar".
A menina da lanterna continuou seu caminho até o vale e chegou à casa do sapateiro, que estava muito triste na sua oficina.
Quando viu a menina, disse-lhe que seu fogo tinha apagado e suas mãos estavam frias, não podendo, portanto, trabalhar mais. A menina acendeu a lanterna do artesão,
que agradeceu, aqueceu as mãos e pôde martelar e costurar seus sapatos.
A menina continuou lentamente a sua caminhada pela floresta e chegou ao casebre da senhora fiandeira. Seu quartinho estava escuro. Sua luz tinha se consumido e ela não
podia mais fiar. A menina acendeu uma nova luz e a fiandeira agradeceu, e logo a roda da roca girou, fiando, fiando sem cessar.
Depois de algum tempo, a menina chegou ao campo e todos os animais acordaram com o brilho da lanterna.
A raposinha, ofuscada, farejou para descobrir de onde vinha tanta luz.
O urso bocejou, grunhiu e, tropeçando desajeitado, foi atrás da menina.
O ouriço, muito curioso, aproximou-se dela e perguntou de onde vinha aquele vagalume gigante. Assim a menina voltou feliz para casa e cantava:
"- Eu vou com minha lanterna, com minha lanterna comigo, no céu brilham estrelas na terra brilhamos nós, a luz se apagou para casa eu vou com minha lanterna na mão."

Receita

Bolo de Aipim com coco

INGREDIENTES
• 1 kg de aipim ralado (cru mesmo)
• 1 coco seco ralado (150g)
• 250ml de leite de coco
• v1 1/2 xícara de açúcar mascavo (pode ser qualquer outro) e uma pitada de sal.

MODO DE PREPARO
Misture todos os ingredientes, unte uma forma com óleo de coco (ou qualquer
outra gordura) e espalhe a massa. Leve ao forno a 180°C (pré-aquecido) por 40 minutos.

Quentão com suco de uva integral

INGREDIENTES
• Suco de uva 100% integral (diluído em água ou não, na quantidade que desejar);
• Especiarias a gosto (cravo, canela, gengibre, anís estrelado, etc);
• Açúcar de sua preferência a gosto, se quiser acrescentar;
• Limão espremido ou cortado em rodelas, laranja em rodelas, pedaços de maça, etc.

MODO DE PREPARO
Em uma panela grande coloque a quantidade que quiser de suco diluído ou não, deixe aquecer ate a fervura, acrescente os demais ingredientes que preferir e deixe ferver por mais 5-10min, provando par ver se esta tudo a seu gosto.

Música

Sobe a Chama
Música:

Sobe a chama, sobe a chama
Mais alto, mais
Ilumina e aquece
Nossas vidas, nossas almas.

Madeira sobre Madeira
Música:

Madeira sobre madeira
Faremos uma fogueira
No céu brilham estrelas
Na terra brilham fogueiras,
São João, Fogueira de São João
E toda a Terra brilha na noite de São João

Fonte: Escola Waldorf Anabá